Por Rodrigo Amém
Acanhado e tosco, inacabado e
pestilento, segue a pé, sob o relento, o mercador de um olho só. Manca e arfa.
Quase canta, quase dança, o mercador de um olho só.
Viajantes e prostitutas, soldados e
assassinos, são os clientes favoritos do mercador de um olho só. O povo que para,
que pede e implora, que grita e que chora, procura e que acha o mercador de um
olho só.
De sua bolsa de couro, as coisas que
tira, os males que sara, as vidas que vira, as preces que ora, as peças que
prega, as pragas que roga o mercador de um olho só. Quem escuta seus versos,
segue seus passos, compra seus frascos, aplaude animado as profecias e mágicas
do mercador de um olho só.
No caminho de casa, mulheres e
homens, crianças e velhos, comentam e falam dos feitos e fatos do mercador de
um olho só. E dormem tranquilos, sonham sorrindo: “Um dia, quem sabe.
Serei mercador. Terei um olho. Só.”
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