Por Marcela de Holanda
Já estava cansada de ouvir
o amigo voltar toda hora com aquela ladainha. Então, certo dia, resolveu
pregar-lhe uma peça. Agiria sem pensar para pegá-lo de surpresa da próxima vez
que ele repetisse a maldita frase. Já estava na hora de dormir, todas as
refeições tinham sido feitas com direito a sobremesa e tudo e lá veio ele
contar para o estômago dela: “Você está com fome. Que tal mais uma besteirinha
antes de dormir?”.
Ela sempre obedecia. Mas
dessa vez, correu para a geladeira e por impulso agarrou o primeiro pote que
viu. Era o pote de alface. Pegou uma folha e começou a mastigar como se fosse
batata frita. O amigo não entendeu nada. Acionou o alerta vermelho e convocou
todos os neurônios para uma reunião de emergência.
— Alguém sabe o que ela está fazendo? Procurem
em todos os arquivos.
— Cara, sei lá.
— Ela tomou algum remédio?
— Não que eu me lembre.
— Será que tem um vírus infiltrado no sistema?
— Se for, é grave.
— Chefe, aqui diz que é alface e que ela só
come no almoço ou em sanduíches.
— Eu sei que é alface. Mas que diabos ela está
fazendo? E essa cara de quem está gostando? Não fui eu que mandei fazer isso.
Preciso retomar o comando imediatamente. Eu vou contar até 3 e todos repitam a
palavra “cospe”. 1, 2, 3.
— Cospe!
— Não funcionou. Mais uma vez. 1, 2, 3...
— Cospe!!!
— Ela está com cara de nojo. Mais uma vez. Bem
alto.
— COSPE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O cérebro venceu. Ela bem
que tentou. Mas, pelo menos, se divertiu tanto com toda aquela bagunça dentro
dela que se esqueceu da fome e foi dormir.
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