Por Rodrigo Amém
Na manhã da terça-feira Aluísio teve a primeira visão. Edifício arde no coração da cidade. Achou que era Sol do futebol de domingo na moleira. Na outra semana o jornal repetiu a cena do jeitinho que ele tinha visto com seus olhos fechados. Aluísio deixou de duvidar da própria clarividência.
E se voltava a duvidar, tinha outro vislumbramento e mais outro. E o jornal depois confirmava tudo. Dos amigos e vizinhos, quem no começo desconfiava, quando acreditou, nem deu bola. Coisa mais besta, adivinhar jornal. Antes fosse o bicho do dia, ou a Mega Sena. Ninguém queria saber de Aluísio e suas adivinhações solitárias.
Outro dia o leiteiro passou na casa dele e viu uma multidão que ladeava a porta e se acotovelava na janela. Esticou o pescoço para dentro e viu Aluísio no centro da roda de velhinhas e gordotas agarradas em trouxas de roupa, num entre caminho de lavadeiras.
Aluísio, sorriso aberto, entretendo as comadres, disponibilizava seu dom à comunidade que finalmente lhe atribuíra uma utilidade: O guru antecipava à audiência, absorta, os próximos capítulos da novela das oito.
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