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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O sonho acabou

Por Bernardo Sardinha

Um sonho louco. Um sonho simples. Um sonho impossível de ser realizado, mas que vale a pena. O sonho? Comer todas as mulheres do mundo. E, para ele, o carnaval era a época onde o sonho, não parecia tão impossível. 

Organizou em uma planilha Excel um roteiro dos melhores blocos. O que ele chama de blocos classe A (onde há uma boa proporção homem/mulher) e para cada um, bolou uma fantasia diferente.

 No primeiro dia de carnaval começaria sua maratona vestido de bombeiro, meio dia era a vez de se vestir de Rambo e a tarde era a hora de colocar a “batina”. O esquema de fantasias rotativas já tinha sido testado com sucesso no carnaval do ano passado. Assim, ele ficava sempre cheiroso, com aparência de limpo e estaria devidamente disfarçado caso esbarrasse com um “affair” de outro bloco.

Terceiro e último bloco classe A do dia. Com sucesso parcial nos outros (pegou mas não “finalizou”), estava bastante confiante. Sua primeira vítima seria uma loirinha vestida de fada e antes de falar com ela sentiu um frio na barriga.

Chegou nela e após vinte minutos, estava com a língua dela na sua boca.

- Rambo? – disse ela após o beijo.

- Perdão?

- Sou eu! A coelhinha? Não lembra? Você estava de Rambo agora no Suvaco do Cristo e eu de Coelhinha!

 O que dizer em uma situação dessas? Ele apenas deu um sorriso amarelo como a camisa da seleção.

- Eu troco de fantasia para fugir dos chatos que fiquei dos outros blocos.

O cupido foi rápido e irônico. Não foi amor a primeira vista, foi amor no segundo bloco. 

Naquele carnaval o sonho acabou.

Amor é algo estranho. 


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