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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Cardíaco

Por Bernardo Sardinha

No frescão a caminho para o trabalho, uma dor no peito. Afrouxou a gravata e com a mão trêmula, limpou o suor da testa. Respirou fundo. Nervoso, o celular escorregou pelos dedos, se espatifou no chão e chance de ligar para alguém querido e dizer algumas últimas palavras se foi. Podiam ser um "socorro" rasgado e desesperado, ou sussurrar um "Sempre te amei" melancólico.

Os passageiros perceberam o que estava ocorrendo e houve uma angústia ar. Uma moça levou a mão ao rosto e lá no fundo do ônibus um sujeito disse: "- Que maneira de começar o dia". Através do vidro fumê daquela condução, a última paisagem: um dia de sol da praia da Barra da Tijuca. Friamente calculou que não aguentaria até São Conrado. Suas costas estão suadas e sem forças, fechou os olhos pensando que nunca mais iria abri-los, foi aí que acordou do sonho mais realista que teve na vida.


A cama está melada de suor e você começa a se perguntar se realmente acordou, ou morreu e sua consciência parou ali. Depois disso, fechar os olhos para dormir e o gosto do cigarro, nunca mais foram a mesma coisa.


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