Por Rec Haddock
Igreja. Dia. Padre está no
Altar, esperando. Noiva anda pela nave da Igreja, até chegar ao altar, quando
percebe que o noivo não está lá. Começa a chorar copiosamente.
Noiva
– Cadê o Noivo?
Padre
– Não sei, minha filha. Vai ver que o burro quebrou a pata. O que ele estava
montando, naturalmente.
Noiva
(histérica) – Ele tinha que estar aqui! Ele tinha que estar aqui!
Padre
– Que sorte que seu pai o trouxe, então.
Entram
o Noivo, e o pai da noiva, este apontando uma arma para aquele. O noivo parece
tentar escapar do casamento a qualquer custo, mas a ameaça é forte o suficiente
para que isso não aconteça. Assim que a noiva o vê, fica radiante. Eles chegam
ao altar.
Noivo
– Oi amorzinha. Desculpa o atraso. O seu pai fez um estrago danado lá em casa,
e eu demorei pra arrumar tudo.
Pai
da Noiva – Eu queria era fazer um estrago nessa sua cara, que parece que tem
pouco buraco. Mas parece que a minha filha gosta dela assim, então vou deixar
desse jeito por enquanto. Mas se tu tentar fugir, a Clotilde (mostra a arma)
abre um terceiro olho bem no meio da sua testa.
Noiva
– Ai, pai. Que horror.
Noivo
– É, que horror!
Noiva
– Vamos logo com esse casamento, seu padre. Antes que o meu pai faça uma
besteira.
Padre
– Bom. Nós estamos aqui reunidos para reunir em uma sagrada reunião estas duas
almas. Chamamos isso de casamento. De forma que se alguém aqui quiser desunir
esse casal antes que eu possa uni-lo, terá uma chance! Aqui e agora! Este é o
momento. Nem antes, nem depois. Portanto, que, por favor, fale agora, ou não
fale jamais!
Entra
um bêbado do meio da plateia.
Bêbado
– Eu tenho! Esse cabra sem-vergonha embuchou a minha amiga!
Noiva
– Amiga?
Pai
da Noiva (para o noivo) – É verdade, isso?
Noiva
– Fala que não! Fala que não!
Noivo
– Né não! Nem conheço esse cabra!
Bêbado
– Mas a Cremilda você conhece, muito bem!
Noivo
– Crê, quem? Olha só. Eu não tô a fim de morrer (tira o cano da arma com o dedo
indicador, calmamente, da sua direção e o aponta para o bêbado) porque tu ta
falando besteira. Então, pelo amor de Cristo Salvador, alguém tira esse bêbado
da minha frente!
Bêbado
– Ô virge santinha! (ajoelha e joga as mão pro céu, pedindo ajuda à santa) Tira
esse troço da minha fuça, que não bebo mais hoje, nem nunca mais!
Pai
da noiva – Seguranças! Tirem esse cabra daqui, que não mato ele hoje, que é dia
festa.
Seguranças entram em cena, e
arrastam o bêbado para fora da Igreja.
Padre
– Ótimo. Agora podemos continuar com essa união de Deus. A não ser, é claro
que, mais alguém.
Grávida surge no fundo da nave.
Grávida
– Pode ir parando, aí seu padre, que o senhor que é homem decente não pode
cometer a indecência de casar esse estrupício!
Noiva
(exasperada) – Credo na cruz! Quem é você agora?
Grávida
– Oxe, se não sou Cremilda, a grávida mais grávida dessa terra! E o pai é esse
bexinguento aí, ó.
Pai
da Noiva – Meu Pai! Mas agora tu vira viúva antes de casar, filha! (aponta a
arma pro noivo. Este troca de lugar no altar com a noiva, colocando-a entre ele
e a arma)
Noivo
– Viro não! (Noiva fica assustada sob a mira da arma e vai pra trás do noivo)
Pai
da Noiva – Vira sim! (Noivo volta para trás da noiva e esta gag repete-se 3 vezes, com o noivo e a
noiva alternando os lugares e o pai da noiva e o noivo repetindo “vira sim” e
“viro não”. Ao fim da terceira repetição, a Grávida interrompe a gag)
Grávida
– Chega! Ninguém vai matar o pai do meu menino!
Bêbado volta
Bêbado
– Mas é menino Crê Crê? Não sabia!
Noiva
– Para todo mundo com zanzeira, que eu já tô é tonta! Você é o pai dessa
criança, meu malvado favorito?
Noivo
– Sou não, minha caramelinha. Olha a intimidade desses dois aí! O pai do filho
dessa doida deve de ser o bêbado, mesmo!
Bêbado
– Eu vou ter um filho? Ai, que felicidade! (Abre os braços e anda em direção à
grávida, que abre os braços para receber o abraço, mas quando o bêbado chega
perto dela, muda de direção e abraça o pai da noiva) Tem um charutinho aí pra
gente comemorar, coronel?
Pai
da Noiva – Charuto? Tá doido, cabra? (se desvencilha do abraço, e junto com o
noivo, carregam o bêbado para fora da igreja. A grávida vai atrás, falando com
o bêbado)
Grávida
– Se for seu eu quero é uma pensão, seu safado. E vamo cortar essa cana, aí,
que meu filho vai precisar de muita fralda! (Saem o bêbado e a grávida. O pai
da noiva volta e o noivo aproveita a oportunidade para se esconder no meio do
público).
Noivo
(para uma mulher na plateia) – Me ajuda a me esconder, gatinha, por favorzinho.
Pai
da noiva – E cadê meu genro por vir? Sumiu o safado! Damas de honra! Honrem a
honra de sua amiga e tragam esse sem vergonha pra cá!
Dama
de Honra 1 – Dou quinhentos paus pra quem disser onde ta esse cabra safado!
Dama
de Honra 2 – Mas quinhentos não é muito dinheiro não?
Dama
de Honra 1 – Dou tudo o que tenho pra ver minha amiga feliz!
Dama
de Honra 2 – Então ta.
As duas ficam gritando que
dá 500 paus pra quem delatar o noivo. Quando alguém delatar, as damas vão até o
noivo e começam a dar tapas na cabeça dele, contando “um pau, dois paus, três
paus, quatro paus”, etc. Levam o noivo à pancadas até o altar.
Pai
da noiva – Última chance de ficar vivo, imprestável.
Noivo
– Tá certo. Desculpe, magnânimo.
Padre
– Então vamos logo com isso e chega de interrupções, por favor.
Entram duas pessoas, uma vestida de coroinha e outra de
bispo.
Bispo
– Não tão rápido!
Padre
– E agora meu Superior aí do céu? Quem me mandas?
Bispo
– Ele manda o seu superior na terra, Padre. Eu sou o Bispo, e preciso ter uma
palavrinha em particular com você.
Saem
calmamente pela lateral do altar e ficam conversando silenciosamente, no canto.
Coroinha
– In nomine patris et filii et spíritus sancti. Amen! (Todos respondem “Amém”,
sempre que o coroinha falar amém) Minha amiga, a gente veio te salvar deste
casamento então não case com este jumento, amem. O Ju se vestiu de bispo e eu
de coroinha pra te avisar que você ganhou na Loteria, amém. Se você casar com
esse funhenhento você vai perder metade da grana e são 63 milhões, amém. Daqui
a pouco você finge que passa mal, que o Ju vai se vestir de médico pra te tirar
daqui, amém. Agora fica quietinha e finge que nada aconteceu, amém.
Sai
de cena, enquanto o padre volta com o falso bispo.
Bispo
– Fique com Deus, e que Ele os abençoe à todos!
Padre
– Amém. (O bispo sai) Bom. Terminadas as interrupções, podemos continuar com o
casamento? (Noivo e Noiva respondem ao mesmo tempo)
Noivo
– Não!
Noiva
– Sim.
Padre
– Como? (as respostas se repetem)
Pai
da Noiva – Como é que é?!
Padre
– Cansei disso, já, meu filho. Vou rezar a sua extrema unção antes que esse
cabra te mate.
Noivo
– Não! Eu caso!
Padre
– Então podemos continuar?
Noiva
– Não! Pai! Tô passando mal, paizinho! Me ajuda! Eu acho que vou desmaiar!
Finge um desmaio, e o pai a
pega, antes de ela cair no chão.
Pai
da Noiva – Um médico! Um médico! Por favor, um médico pra minha filha! (médico
surge no meio da plateia e vai até eles. Quando o pai vê o médico e larga a
filha no chão, para ir até ela. Leva-a até a sua filha) Dá pra salvar? O que
ela tem, Doutor?
Médico
– Ih. Isso está feio (olha a noiva. Meche nela. Faz algumas coisas sem sentido)
parece que ela está com cachorrombose múltipla de tártaros embrionários
vingativos. Isso é uma doença muito severa. Muito difícil de tratar, vamos
correr pro hospital agorinha, vamos! (Pai e médico carregam a noiva para fora
da igreja. Saem)
Padre
– Bom. Já que não Tem Noiva, Não tem casamento, não é?
Surge
uma mulher da plateia.
Noiva
2 – E quem disse que não tem noiva? Tem sim! Eu!
Noivo
– Quem é você?
Noiva
2 – Ah. Eu sempre fui louca por você. Agora você ta aqui, todo lindo, de noivo,
no altar, na frente do padre. E sem noiva. Isso é um sinal de Deus. Vamos casar
e é agora!
Padre
– Então vamos com isso, que eu tenho que ir jantar na casa do meu irmão. Pelos
poderes em mim investidos pela Igreja, eu os declaro Marido e mulher.
Noivo
– E como é isso? Nem aceitei nada disso.
Padre
– Então aceite o que te é designado e seja feliz com isso. Noiva, pode levar o
seu esposo.
Noiva
pega o noivo pelo braço, e saem de braços dados.
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