Eu
faço tudo bem feito. Se não for assim não tem jeito. Eu grito no peito. Eu falo
alto demais. Bem, meu rapaz. Eu estou te falando, antes bem, do que mal. Não
venha com graças no final. Não faça pirraça. Eu ando pelo Humaitá e vejo você
querendo falar. Cala-se. Cala-se de uma vez. Não me siga. Talvez. Talvez eu venha
te telefonar. Não. Não quero ajuda. Por favor, não me acuda, eu quero me matar.
Não, não chore perto. Não fique perto. Não venha chorar. Ontem eu andei pelo
Humaitá. Comprei umas flores lindas pro nosso jantar. Mas você nem percebeu.
Ontem eu corri pela Lagoa. Parei pra ver o sol a me torturar. Lembrei do seu
cabelo ao vento. Do seu envenenamento. Do nosso jantar à luz de velas. Mas eu
não queria mais nada. Nem passeio, nada de graça. Eu quero que você vá pra
Tijuca. Já brigamos o suficiente. Saía da minha frente. Não venha me
conquistar. Não quero mais saber de nada. Não me faça pirraças: “eu quero me
matar”. Ontem eu andei pela Tijuca. Corri na praça tentando te encontrar. O
metrô cheio não dava pra achar. Mas eu estou arrependida. Pisando na pista.
Querendo voltar. Uma carta na cama
dizendo: não voltar. O armário vazio, gravata sem ficar. Tá faltando um par.
Ontem eu andei a chorar. Nas ruas de Copacabana. Andei ao vento. Sem movimento.
Tentando me torturar. Pulei 3 ondas pra te encontrar. As gaivotas todas
tentando me ajudar. O vento. O vento. Eu andei por toda Copa. Passei por
Ipanema, pra te gritar. Mas não vi ninguém querendo nada. Hoje eu chorei
tentando me aguentar. Estou em puro concreto de madeira. Oco por dentro. Sem
movimento. Tentando me achar.
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