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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Empatia

Por Bernardo Sardinha

O coveiro observou com pena o rapaz comprar a coroa de flores para sua noiva. Ele a colocou ao lado do caixão e soluçou de tanto chorar. Abraçou todos que entravam na capela e sempre que podia tascava um beijo no rosto da defunta e com a mesma boca beijava os que iam o cumprimentar. Na hora de fechar o caixão, alguém suspirou alto e ele quase desmaia. Forte, se pôs de pê e ajudou a carregar o caixão até o carrinho e do carrinho até o jazigo, onde, sob aplausos, foi colocado o esquife.

Quando todos foram embora, o coveiro pegou 6 das flores mais bonitas, enrolou em uma fita vermelha que estava em uma outra cova. Quando encontrou sua esposa cozinhando no barraco em que moram, deu-lhe um beijo na bochecha e entregou o buquê.  Silenciosamente pediu em uma prece que Deus o levasse primeiro. 

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