Por Bernardo Sardinha
O coveiro observou com
pena o rapaz comprar a coroa de flores para sua noiva. Ele a colocou ao lado do
caixão e soluçou de tanto chorar. Abraçou todos que entravam na capela e sempre
que podia tascava um beijo no rosto da defunta e com a mesma boca beijava os
que iam o cumprimentar. Na hora de fechar o caixão, alguém suspirou alto e ele
quase desmaia. Forte, se pôs de pê e ajudou a carregar o caixão até o carrinho
e do carrinho até o jazigo, onde, sob aplausos, foi colocado o esquife.
Quando todos foram embora,
o coveiro pegou 6 das flores mais bonitas, enrolou em uma fita vermelha que
estava em uma outra cova. Quando encontrou sua esposa cozinhando no barraco em
que moram, deu-lhe um beijo na bochecha e entregou o buquê.
Silenciosamente pediu em uma prece que Deus o levasse primeiro.
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