Por Rec Haddock
Aquela
maldita pergunta ficava martelando na minha cabeça. Ela não estava anotada no
meu caderno, e eu não tinha uma resposta imediata pra ela. Eu normalmente tenho
uma resposta imediata pra tudo.
É
fato que o armazenamento da memória e das conquistas da humanidade se tornou
muito mais difícil com tanta tecnologia à disposição. O armazenamento virtual
não é nada além de desinformação, com tanto conteúdo armazenado
simultaneamente.
Com
o tempo absolutamente qualquer coisa se perde. Se a causa mortis não for um vírus de computador, pode ser uma bomba
atômica, mas pode-se ter certeza de que a memória é a mais perecível das formas
de imortalidade, e ela é a única que a gente verdadeiramente tem.
Tendo
em vista que não há legado a salvo, eu realmente não faço ideia de qual possa
ser a resposta. Acho que me mantenho de pé e sigo em frente, exclusivamente por
inércia. Se realmente se quer, se dá um jeito de continuar. Se não se quer,
realmente, dá-se uma desculpa.
Ou,
talvez, eu seja, simplesmente, covarde demais para aceitar a inexorabilidade do
meu destino vazio, e parar para encará-lo. Então eu sigo.
Talvez
não haja razão.
Mas
nem tudo precisa ser racional.
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