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sábado, 30 de novembro de 2013

Três erros

Por Rodrigo Amém

Loydberg sabia que precisava ser cauteloso. Mais cedo ou mais tarde, toda a comunidade científica levantaria questões sobre seus métodos. A mera sugestão da corja de ignóbeis chafurdando em suas pesquisas lhe dava calafrios. "A Academia odeia os gênios como a Igreja odeia os santos", lembrou-se. E, naquela birosca, ninguém tinha condições intelectuais de questionar a maior autoridade em cultura Inca da atualidade. Fechou a porta atrás de si e presumiu-se só. Primeiro erro. As linhas no quadro negro se entrelaçavam num cuidadoso desenho inconfundível. Era o hieróglifo inca para a palavra vingança. Loydberg derrubou os livros que carregava. Correu até seu armário. Vazio. Nem um osso sobrara de sua recente visita ao sítio. Depois de tanto trabalho para transportar os artefatos em segredo, agora ele estava de volta à estaca zero. Segundo erro. Um sem-número de rostos de prováveis usurpadores corria em sua mente, acumulando raiva e rancor. Loydberg nem percebeu a nevoa que dançava silenciosa ao redor dos seus calcanhares. Terceiro erro.

O jornal do dia seguinte dava primeira página para a misteriosa morte do Dr. Loydberg. A manchete falava em mistério e ausência de suspeitos. As tarjas pretas tentavam, sem sucesso, cobrir a expressão de horror no rosto do cadáver que estampava a foto de capa.

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