Cada dia da nossa vida é de um jeito. Sem regras ou com regras.
De qualquer forma, nada é igual.
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domingo, 10 de novembro de 2013

Eu tinha onze anos

Por Halliny Lima

 Saí mais cedo da escola
Liguei de lá
Nada
Voltava sozinha então
Minha mochila, meus pensamentos
E eu
E entrei naquela viela
A de sempre...
Gelei
Subia um homem
Uns 30 e poucos
Estranho
Sério
Mas tinha algo naquele olhar...
Tremi
Tinha malícia
Força 
Clima de perigo no ar
Apertei o passo
Eu descia, ele subia
Encontro inevitável
Foi quando
Abriu a braguilha
Virilha
...
...
E sorriu com a língua de canto...
Nojo
Passou por mim
Não olhei pra trás
Queria sair correndo
E se me pegasse?
Quando dobrei a esquina 
Vi que também já tinha dobrado
Elas vieram
Lágrimas 
Corri o mais que pude
Tudo chacoalhava
Mochila
Cabelos 
Pernas
Coração 
Mente
Sente...
Eu senti
Cheguei em casa
-"Paaaaaai!"
Veio me salvar
Mas já não dava tempo
Procurou mas...
Aos tantos já tinha se misturado
Eu tinha onze anos
Corpo de menina
Mas já algo arredondado
Senti ser tocada
Sem qualquer toque


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