Por Amanda Leal
Hoje
acordei com uma sensação de morte. Uma angústia, uma vontade de chorar, um nó
dentro do peito. Uma pena. De não sei o quê. De não sei de quem. Até tive
pesadelos á noite. Claro que tive, mas não foi só por isso que acordei assim.
Não foi só por causa da ficção do meu sonho. Essa sensação é real.
Ontem
também não foi o melhor dia da minha vida. Nem sei se amanhã será. Tenho
percebido que amadurecer tem dessas coisas, você abre os olhos para o mundo e
enxerga o quão cruel ele pode ser. Com você. Com os outros. A gente vai
começando a abrir os olhos e encosta num monte de trecos que antes nem
percebia, nem sabia que existia.
Tenho
aprendido a viver contente. Se você parar para pensar que existem pessoas numa
situação pior que a sua, que o seu reclamar pode ser muito pequeno perto da
realidade de outras, você pode estar na mesma situação que eu. Pode estar
amadurecendo e aprendendo a lidar com as pequenas coisas da melhor forma. A dar
valor ao que tem. A degustar ao invés de simplesmente engolir. Sabendo aprender
com cada situação, seja boa, seja má.
Sinto
meu peito apertado. Não paro de pensar em algumas pessoas específicas. Sinto
que elas também pensam em mim. Você já sentiu isso? É muito louco. A vontade de
chorar se aloja na minha garganta, mas não tenho motivos para o choro. Por quem
chorarei? Por mim? Por eles? Por ele? Tudo é indefinido.
Ontem
eu li uma passagem num livro e dizia que precisamos colocar limites no nosso
amor. Amor não só no sentido passional. Amor no geral, amor com o próximo.
Sabe, ás vezes nos pegamos cobrando que as pessoas nos amem incondicionalmente,
ou fazemos de tudo por alguém já esperando que essa pessoa nos retribua. Ontem
a ficha caiu. Amadurecer foi também entender que não preciso ser o centro das
atenções e não preciso de pessoas que me amem incondicionalmente. Preciso de ao
menos uma que me ame de verdade. E posso simplesmente fazer, sem querer nada em
troca.
De
ontem pra hoje eu cresci uns 10 anos. Foi preciso ler esse trecho para
constatar. Para entender que eu já não pensava como há dois meses atrás. Que
muita coisa tinha mudado dentro de mim. E se eu tivesse lido esse trecho antes?
Acho que não o teria entendido.
É impressionante como um dia qualquer pode se
tornar inesquecível. Simplesmente um dia qualquer Deus te pega pela mão e te
sacode, te acorda pra vida. Acho que vou lembrar de hoje pra sempre. Por quê?
Porque aprendi mais uma coisa que vou levar pra vida toda. São de poucos dias
assim que lembro nessa vida. Até agora.
A
sensação continua, mas eu acho e acredito fielmente que uma hora vai passar.
Talvez passe depois do lanche da tarde, depois de um café bem quente e forte.
Bem, ao menos minhas dores de cabeça passam assim. Ou depois de uma conversa
boba com uma amiga que acaba de chegar.
A verdade é que não passa. Não passou. E o telefone tocou. Ele partiu.
Não me era tão chegado. Eu não era tão ligada. Só que eu senti. Senti que ele
estava indo embora. Talvez Deus quis que eu soubesse disso. Soubesse para poder
apreciar cada momento em que ainda estou aqui.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Amanda Leal e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização da autora. Entre em contato conosco para maiores informações.
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