Por Rodrigo Amém
Loydberg sabia que precisava ser cauteloso.
Mais cedo ou mais tarde, toda a comunidade científica levantaria questões sobre
seus métodos. A mera sugestão da corja de ignóbeis chafurdando em suas
pesquisas lhe dava calafrios. "A Academia odeia os gênios como a Igreja
odeia os santos", lembrou-se. E, naquela birosca, ninguém tinha condições
intelectuais de questionar a maior autoridade em cultura Inca da atualidade.
Fechou a porta atrás de si e presumiu-se só. Primeiro erro. As linhas no quadro
negro se entrelaçavam num cuidadoso desenho inconfundível. Era o hieróglifo
inca para a palavra vingança. Loydberg derrubou os livros que carregava. Correu
até seu armário. Vazio. Nem um osso sobrara de sua recente visita ao sítio.
Depois de tanto trabalho para transportar os artefatos em segredo, agora ele
estava de volta à estaca zero. Segundo erro. Um sem-número de rostos de
prováveis usurpadores corria em sua mente, acumulando raiva e rancor. Loydberg
nem percebeu a nevoa que dançava silenciosa ao redor dos seus calcanhares.
Terceiro erro.
O jornal do dia seguinte dava primeira página
para a misteriosa morte do Dr. Loydberg. A manchete falava em mistério e
ausência de suspeitos. As tarjas pretas tentavam, sem sucesso, cobrir a
expressão de horror no rosto do cadáver que estampava a foto de capa.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Rodrigo Amém e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
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