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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Romeu e Julieta

Por Bernardo Sardinha

Todo dia, ao chegar em casa, uma cartinha diferente a esperava no chão. Todo dia era uma carta de amor, onde o remetente dizia que ia se matar por não a ter ao lado dele. Todo dia era uma ameaça de suicídio diferente. Todo. Dia.

Então, cansada, ela foi à papelaria e comprou o papel de carta mais bonito que encontrou, umas canetinhas coloridas e um envelope cheio de gueri gueri. Escreveu, então, em letra de forma: "Vê se morre logo." E enviou para o Romeu apaixonado.

As cartas de amor/suicídio pararam. Passou segunda-feira, terça, quarta e quinta. Um mês e ela começou a ficar preocupada. Fuçou sua rede social e não encontrou o perfil dele. Procurou informações entre os amigos em comum e não encontrou nada sobre o paradeiro do suicida.

Cheia de culpa, decidiu, após o trabalho, ir a casa dele e ver se estava tudo bem. Tocou a campainha e o sonso abriu a porta com um meio sorriso no rosto e após suspirar aliviada ela gritou: - "Seu filha da puta!" virou de costas e foi embora.


Romeu só ria. 


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