Cada dia da nossa vida é de um jeito. Sem regras ou com regras.
De qualquer forma, nada é igual.
Aqui cada dia é dia de um texto diferente.
Quer sair da rotina? Fica com o Salada!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Inquiry-Based Learning

Por Rec Haddock

INT. SALA DE AULA. FIM DA TARDE.
Vemos RODRIGO de frente para uma grande janela que ocupa toda a extensão de uma das paredes da sala de aula em que se encontra. Ele olha apreensivamente para um ponto fixo.
Atrás dele, no fundo da sala, enquadramos a porta do cômodo. Ao lado dela vemos uma cartolina pregada ao mural, com os dizeres: “ZONA LIVRE DE BULLYING!”. A porta da sala abre e vemos LUISA, entrar apressada.
LUISA
Rodrigo! Achei que dessa vez ia conseguir chegar antes de você.
RODRIGO
Tava pensando em você!
Plano em movimento de Rodrigo indo em direção à Luisa através das carteiras bagunçadas da sala de aula, sorrindo timidamente. Ele esbarra em uma cadeira e perde o equilíbrio por um instante, mas não cai.
Vemos Luisa fazendo menção de ir até ele, mas desistindo. Rodrigo chega perto de Luisa. Estende a mão para apertar a dela, enquanto ela aproxima o rosto do dele, para beijar-lhe a bochecha. A confusão os diverte, e eles riem timidamente.
RODRIGO (CONT’D)
Oi, Luisa. Tudo bem?
Rodrigo beija a bochecha de Luisa, à guisa de cumprimento.
LUISA
Tudo. Vamos sentar?
Luisa conduz Rodrigo até a cadeira do professor e a oferece à Rodrigo, que senta. Ela sorri.
LUISA (CONT’D)
Essa é a mais confortável.
Luisa começa a mexer em alguns papéis que estão sobre a mesa, procurando alguma coisa.
RODRIGO
Tem algum problema com a Emma?
LUISA
É...
Luisa encontra a folha de papel que buscava.
LUISA (CONT’D)
Olha isso, Rodrigo.
Ela estende a folha de papel a ele. Rodrigo pega a folha de papel, e olha-a com espanto.
CORTA PARA
EXT. CAMPO DE FUTEBOL DA ESCOLA. FIM DA TARDE
Vemos EMMA jogando um jogo no seu iPad, do seu ponto de vista. Seu dedo cruza a tela freneticamente.
RODRIGO (V.O.)
Foi ela quem desenhou isso?
LUISA (V.O.)
Foi.
Um plano em movimento mostra as costas de Emma, jogando no iPad, e vai se afastando, revelando que ela está sentada, sozinha, no meio do campo de futebol da escola.
RODRIGO (V.O.)
É horrível? O que que isso significa?
LUISA (V.O.)
Eu tentei conversar com ela, mas ela não se abre comigo. A psicóloga da escola diz que ela sente falta da mãe, mas me parece mais do que isso.
RODRIGO (V.O.)
E você acha que eu devo procurar uma psicóloga fora da escola?
LUISA (V.O.)
Talvez. Essas coisas são complicadas, né? Tem mais do que isso, na verdade.
Emma deita em posição fetal, largando o iPad atrás de si. Ela arranca algumas folhas do solo e as deixa cair, lentamente, no chão.
RODRIGO (V.O.)
O que?
LUISA (V.O.)
Ela diz pras outras crianças que vê a mãe. Que elas conversam.
RODRIGO (V.O.)
É mentira.
LUISA (V.O.)
Tem certeza?
RODRIGO (V.O.)
Tenho. Se eu não achei ela, a Emma também não achou. Nunca procurei alguém com tanto afinco na vida.
Emma arranca mais algumas folhas do chão, e as deixa cair lentamente, sobre si.
CORTA PARA
INT. SALA DE AULA. FIM DA TARDE.
LUISA está sentada na mesa do professor, e RODRIGO na cadeira do professor. Eles ficam em silêncio por alguns segundos. Rodrigo encara o desenho.
LUISA
Mas talvez ela tenha procurado a Emma. Se ela não teve que procurar a mãe...
Rodrigo não responde. Apenas olha para Luisa, confuso.
Vemos ela pegando uma das mãos dele entre as suas e a acariciando.
LUISA (CONT’D)
Conversa com ela numa boa. Talvez ela se abra com você.
RODRIGO
Tá. ‘Brigado. É melhor eu ir, então.
Luisa solta a mão de Rodrigo.
LUISA
É.
Se levantam. Ela o leva até a porta da sala e a abre para que ele passe. Ele para na porta.
LUISA (CONT’D)
Me dá notícias, tá?
RODRIGO
A gente vai se falando.
Se beijam no rosto.
FADE OUT.


INT/EXT. PICAPE DO RODRIGO. NOITE
EMMA está sentada no banco do carona, cansada. Ela olha a rua com a cabeça encostada na janela. RODRIGO dirige com os olhos correndo da estrada à sua frente para a sua filha, ao seu lado.
RODRIGO
Como foi hoje na escola, amor?
Emma responde sem olhar para o pai.
EMMA
Normal.
RODRIGO
Normal bom ou normal ruim?
EMMA
Ok, eu acho.
Emma liga o rádio do carro. Está tocando a música “Born to be Wild”. Rodrigo diminui o volume do rádio.
RODRIGO
Conversa comigo, amor.
EMMA
Tá. Você pode me dar um peixe novo?
RODRIGO
Claro.
Emma olha para o pai, e eles cruzam o olhar. Rodrigo se empolga.
RODRIGO (CONT’D)
Qual você quer?
EMMA
Não sei se eu gosto mais do peixe-gato de vidro, ou um basslet. Qual você prefere?
Rodrigo tira um pedaço de grama do cabelo da filha.
RODRIGO
Como você consegue se sujar tanto, Emma? Pelo amor de deus.
Vamos ver qual é o que combina mais com o seu aquário quando a gente chegar em casa, tá?
EMMA
Tá. Brigada, pai. Te amo.
Rodrigo faz carinho na cabeça da filha.
RODRIGO
Tem alguma coisa que você queira me contar, meu amor?
EMMA
Sim! Eu nasci pra viver na selva! Vou fugir pra morar numa caverna!
Emma começa a cantar com a música.
EMMA (CONT’D)
Born to be wild! Born to be wild!
Rodrigo desliga a música, e para o carro bruscamente.
Vemos o carro parado no acostamento.
Enquadramos Rodrigo olhando fixamente para o rosto da filha, e um ângulo invertido da filha assustada, olhando para o pai.
RODRIGO
Não repete isso. Me jura que nunca vai fugir de mim, Emma.
EMMA
Era só uma brincadeira com a música.
RODRIGO
Me jura, Emma!
EMMA
Juro! Desculpa.
FADE TO BLACK.


Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Rec Haddock e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
Os comentários postados abaixo são abertos ao público e não expressam a opinião do blog e de seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela gentileza! Aguardamos a sua volta.