Na cozinha, Wagner preparava novamente a surpresa da mesa 3, rezando para que ninguém mais percebesse o que tinha acontecido. Mas na mesa 5, Camila começava a se descontrolar.
Camila (entre lágrimas) –
Eu. Não. To. Conseguindo. Segurar. Rodrigo. Por que você não falou nada? Me.
Deixou. Fazer esse papelão! Eu nunca me senti. Tão. Envergonhada. Eu não mereço
isso. Você achou o quê? Que era brinde do restaurante? Você. Não. Foi. Homem o
suficiente. Para admitir que você não quer casar comigo. Coisa nenhuma. Que eu
sou uma boba. De pensar isso. Você me ama, Rodrigo? Como você me deixou passar
por essa situação e não teve a coragem de dizer nada?!? Me deixou colocar o
anel de outra! Fala alguma coisa, Rodrigo!
A essa altura, as pessoas
nas mesas em volta, disfarçadamente prestavam atenção no que eles falavam e
tentavam entender a situação. Wagner, sai da cozinha com o bolinho de chocolate
e vai entregar na mesa 3.
Wagner – Com licença,
senhor. Perdoe-me pela demora. A sua senhora foi ao toilette? Prefere que eu
venha depois quando ela tiver voltado ou já posso deixar a surpresa aqui?
Bruno, ainda chocado com o
que tinha acontecido, nem consegue responder. Só faz um gesto para que o garçom
deixe em cima da mesa mesmo. Nesse momento, os últimos anos da sua vida passam
pela sua cabeça e ele tenta entender o que pode ter acontecido que não
percebeu. Entre as muitas lembranças da sua relação com Roberta, surgem de vez
em quando memórias ainda mais antigas. Aline. Há quanto tempo ele não se permitia
pensar nela? Mas agora o seu rosto aparecia nítido como se tivessem acabado de
se despedir. Por onde ela andaria? E aí se lembrava que deveria pensar em
Roberta e no quanto estava sofrendo pelo que ela tinha feito. Mas não sabia se
sofria de verdade ou se só achava que esse era o sentimento apropriado para o
momento.
Rodrigo, que daria tudo
para voltar o tempo em algumas horas e escolher outro restaurante, não vê outra
saída a não ser falar tudo que estava no seu coração. Mesmo já tendo notado que
algumas pessoas os observavam.
Rodrigo – Calma, meu amor.
Calma. Respira, por favor. Me desculpa. Você tem toda razão. Eu fui um covarde.
Não devia ter te deixado passar por isso. Mas quando eu percebi o que estava
acontecendo já era tarde demais. Você tem ideia de como eu me senti de saber
que aquele sorriso que eu devia ter colocado no seu rosto, não tinha sido
provocado por mim de verdade? O que eu podia dizer? Que na verdade eu sou um
ninguém que nunca vai poder te dar um anel daquele? Que você merece um homem
que possa te dar muito mais do que eu posso te dar? Você pode ter o homem que
quiser. Na hora que quiser. Eu nem sei o que você ainda está fazendo comigo. Se
eu te amo? É óbvio que eu te amo! Só se eu fosse um completo idiota para não
amar você. E é justamente porque eu te amo que não fui capaz de falar nada.
Como você acha que eu me sinto de te ver chorar assim? Eu falhei com você. Não
só por não falar nada. Eu falhei porque já devia ter te pedido em casamento há
muito tempo. Mas eu não queria que fosse de qualquer jeito. Eu queria que você
tivesse tudo que você tem direito. Eu economizei durante os últimos dois anos
planejando o dia em que você me aceitaria para sempre na sua vida. E eu estava
perto de conseguir o que achava que precisava. Mas como eu disse. Eu falhei com
você. Não tenho mais nada para te oferecer agora. Só o meu amor.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Marcela de Holanda e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização da autora. Entre em contato conosco para maiores informações.
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