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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Castelo de Areia

por Bernardo Sardinha

O sujeito aproveitando a distração da família, resolveu pregar uma peça neles. Era um dia de sol e a praia no posto 8 estava relativamente cheia, considerando que era o meio da semana. Ele, em sua meninice, cavou um buraco e se enfiou lá dentro, deixando apenas a cabeça de fora, a qual escondeu debaixo de um chapéu.

Escutava a voz de seus filhos brincando, de sua mulher conversando com sua cunhada e nada deles o procurarem. Sentiu a areia ficar cada vez mais fria, sinal, que o dia estava acabando. As vozes foram diminuindo de intensidade e logo estava sozinho na praia, escutou sua família indo embora rindo e se divertindo, sem se dar conta de seu desaparecimento. Com frio e raiva decidiu ficar no ali no buraco só de birra.

Após horas enterrado, já não conseguia distinguir o que era ele e areia. Era tudo era uma coisa só, e não se surpreendeu, quando onda após onda, seu corpo foi se desfazendo como um castelo de areia na beira do mar. Por rancor da família que foi embora rindo e se divertindo sem ele, deixou o mar o levar.  






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