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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O último cigarro

Por Bernardo Sardinha


“- Pare de fumar. Agora.” Disse a pessoa diante do espelho que suspirou derrotada.

“- Não vou me convencer nesse estado. Preciso de alguém mais firme, bem sucedido e menos como eu.” O sujeito se atirou em um banho revitalizador, digno de comercial de sabonete. A barba, que cresceu por puro desleixo, foi feita com capricho e atenção. Penteou os cabelos para trás no melhor estilo lobo de wall street e vestiu uma camisa preta para disfarçar a gordurinha que teimava em ficar. Escovou os dentes até a gengiva sangrar e bochechou com Listerine até as lagrimas verterem pelo seu rosto. Diante do espelho, de peito erguido disse firme: “- Pare de fumar. Agora!” – e completou ainda com um “- Seu merda.”

A pessoa que estava diante do espelho, jamais poderia convencê-lo. Era um merda de marca maior.


Estava prestes a se rastejar para mais um dia de trabalho, quando foi surpreendido por um estalo na orelha. Era sua mulher, dando aquele beijo estalado, daquele que ele odiava. Ela o abraçou por trás e ficou admirando o maridão pelo espelho do banheiro. Ela sorria. Um belo sorriso levado de menina e quando se deu conta, estava pelado na cama com sua mulher e atrasado para o trabalho. Como de praxe pegou o fantástico cigarro pós-coito, quando escutou dela um: “- Para de fumar?” transformador.


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