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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

E tudo parecia calmo diante de um teatro lotado

Por Amanda Leal


Depois de tudo, Estela, ainda brilhava todas as noites em seu show. É irônico pensar que seu espetáculo fazia tanto sucesso logo nessa fase tão complicada de sua vida. As pessoas gostam de ver de perto certas tragédias e assistir, Estela dançar é o que as deixava mais perto dos acontecimentos dos últimos dias. Analisar sua expressão, sentir o clima pesado do ar, comentar sobre sua postura nos agradecimentos, isso tudo fazia parte da cruel investigação do público sobre a vida alheia. 

Muitos não entendiam de onde ela tirava forças para seguir em frente, muitos diziam que a frieza de Estela era sinal de culpa. Julgar, julgar, julgar...Quando você tem a sociedade toda por perto, muitas vezes, você não precisa de juiz. E o júri era dividido mesmo, uns diziam: 
"- Tá na cara que foi ela" e outros a defendiam ferozmente. Apesar de tantos julgamentos e indagações sobre a sua vida, a verdade era que Estela sabia que não podia e não devia parar de dançar. 

Era uma sexta-feira, a segunda sexta-feira após a tragédia que marcaria a sua vida para sempre. Após a apresentação com casa cheia, Estela voltou para o seu camarim e lá dentro havia um lindo buquê de rosas roxas.Ela estranhou, pois não era comum receber flores. Na verdade, o único que as mandava com frequência era o seu falecido marido. Segurou o buquê com certo pânico, pois sentia algo muito esquisito vindo daquelas flores. Abriu imediatamente o cartão e lá estava escrito: " Você será a próxima.".

Em um ataque de fúria, medo e desespero Estela quebrou o camarim inteiro e teve que ser contida pelo seu empresário e dois seguranças que a acompanhavam desde a tragédia. Estela parecia saber do que tudo aquilo se tratava, ela parecia saber que as coisas eram mais sérias e profundas do que aparentavam, mas nós que acompanhávamos de fora não tínhamos a menor noção do que realmente estava acontecendo.


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