Cada dia da nossa vida é de um jeito. Sem regras ou com regras.
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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Conselhos

Por Bernardo Sardinha


Eu devia ter ficado calado. Deus! Como eu me arrependo. Meia hora para o prazo acabar e eu ainda na metade da declaração do imposto de renda. Tensão e raiva se unem criando uma tsunami de frustração enquanto preencho as planilhas que aparentam estar em outra língua. Nunca deveria ter aconselhado ao meu contador a seguir com o sonho dele. Que conselho horrível! Ele poderia estar vivo agora.
Ele era um jovem contador filho do sobrinho de alguém que conheço de algum lugar, provavelmente de um boteco bem merda. Esse jovem contador tinha uma jovem namorada hippie, e juntos tinham sonhos hippies. Quando o conheci disse que preferia morrer a fazer meu Imposto de Renda. Foi aí que eu disparei:
- Só deveriamos ser obrigados a fazer o que gostamos de fazer. Veja você por exemplo…
Ele ficou parado se balançando na cadeira bem sério me olhando.
- Você gosta dessa porra né? Então! Eu odeio! Temos coisas em comum.
- Gostar é meio forte… - disse ele, quando do nada, um velho gordo que suava bicas abriu a porta e disse em um tom nada agradável:
- Depois quero falar com você sobre uma coisa - e pronto vi o garoto murchar na minha frente. DR a vista.
- Rapaz, não perde o tempo não. Vai fazer o que você gosta ora. - falei assim que o gordo saiu de vista e conclui:
- Mas antes de fazer, faça meu imposto de renda direitinho, hein!? - E rimos feito idiotas.

Há uma semana, aquele contador magrelo largou aquele trabalho de merda que o fazia infeliz para abrir uma pet shop. Espero que tenha feito uma grande cena de saída. Mandado todos tomarem no cu, jogando uns papéis para cima. Obviamente assim que soube do lance,liguei para ele para saber do meu maldito imposto de renda. Ele me assegurou que não tinha problema, e que continuou com alguns clientes tal. E blá blá blá, então me convidou para sua pet shop que havia aberto com sua namorada hippie. Disse que ia e não fui e a há dois dias atrás, estava com sua namorada dando uns amassos no fundo da pet, e em um gesto de safadeza, mordeu a orelha dela. O problema desses hippies é que a maioria das coisas que eles compram, é artesanal e cuja a qualidade, bem, vamos dizer que algumas vezes não é lá grande coisa. Enfim, o contador magrelo mordeu a orelha de sua namorada hippie, que possuía um brinco feito por outro hippie. A a tarracha do brinco não era bem feita e tinha se perdido no meio da pegação e quando foi dar uma mordida O MEU contador começou a se engasgar com um brinco na garganta. Como a mulher era uma hippie, não sabia fazer a manobra Heimlich. E pronto, ele morreu em uma pet shop com um brinco entalado na garganta. Soube dessa história há duas horas atrás e cá estou eu sonhando acordado com o zumbi do meu contador entrando no meu quarto e fazendo meu imposto de renda. Quer um conselho? Não namore hippies.


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