Por Halliny Lima
Estava
no ônibus
Era
noite
Bem
à noite
Estava
ali na Nossa Senhora
Já
perto da Princesa Isabel
Nunca
eu imaginaria...
Me
entra ela
Rosa.
Sua
cor era de toda dourada
A
mulher vestia um micro short
Um
micro top
Muito
dourado
O
corpo não ajudava muito.
Sombra
Rímel
Anéis
e pulseiras
Aquela
voz eu conhecia
Parecia
embriagada
Era
o mesmo timbre doce
Alegre
na tristeza daquela realidade
Entretanto
essa, eu desconhecia
Foi
um susto total
Nunca
imaginaria mesmo
Minha
antiga colega de trabalho
Ali
Assim...
E
nossos olhos se encontraram
Mas a surpresa e o constrangimento os repeliram
Não poderia deixar passar
E a abordei
E antes mesmo do contato
No olhar cansado
Me revelou...
Era isso mesmo.
Perguntei-lhe do filho
Ela disse que ele nem sonhava
No entanto, vi a satisfação nela
Ao contar o que havia lhe comprado...
Tablet, Iphone, mesada e tudo mais
Não era mais o pequeno a brincar
Entre balas de goma e as de fuzil
Perguntei-lhe do marido
Sua feição feliz caiu
Não consegui definir
Disse ter "aceitado" essa sua condição
Mas só porque pro vagabundo
O dinheiro entrava
Sem dele sair suor
Mesmo assim, apanhava
Foi quando reparei na sombra
O olho direito estava mais carregado
Entendi o porquê
Ela se aprontou pra puxar a cordinha
Já estávamos perto dele
"Ponto"
Não deu nem tempo
Tocarmos naquele passado bom
Foi simplesmente o olhar
Doce
Triste
Embalado agora com o chorinho de Copa.
Me deu um beijo no rosto
Desceu
Eu a vi ajeitar ainda o salto
O ônibus estava no vermelho
Retocou refletido, o batom
Acendeu seu cigarro
Quando vi um carro a lhe abordar
O ônibus arrancou
Me deixou com aquele aperto
Sabe?
Sei que sabe...
E nós nos fomos.
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