Por Rodrigo Amém
Fim de noite. Interior do carro. Papo de despedida. Ele ao
volante, ela ao lado. O carro pára em frente de uma casa. Ele fala.
- Bem, chegamos.
- É, chegamos, né?
Silêncio.
- Olha, essa noite foi super legal. Gostei muito do filme.
- Eu adorei a pizza.
- Ótima pizza!
- Bem, acho que é isso...
- É... Qualquer coisa, me liga...
- Ah, ligo sim. Você também, tá?
Ela se aproxima para um gentil beijo de agradecimento, na face
do rapaz.
- Tchaum... - diz ele. Ela pára. Olha no fundo dos olhos dele.
- Otávio... - Sua voz sai como um suspiro. Ela é toda sorriso.
- Luíza...?
Ele retribui o sorriso, mas... que diabo, do que estavam
rindo?
- Eu também!
Luíza se aproxima e tasca um beijo apaixonado nos lábios de
Otávio. É um beijo demorado, que já estava sendo esperado há algum tempo. A
este, segue-se outro e mais um e talvez muitos mais viriam. Mas Otávio estava
confuso.
- Você também, o quê?
- Como assim, Otávio?
- Você disse: "Eu também". Não entendi.
- Ora, meu amor. Eu também te amo. - respondeu ela, sorrindo.
- Mas... mas...
- O que foi, meu amor?
- Na verdade, eu... bem...
- O que está acontecendo, Otávio? Foi algo que eu disse?
- Na verdade, Luíza... Bem... Você é uma garota legal, mas... Eu
não te amo, não.
- Como é que é???
- Eu não te amo. Me desculpe. Acho que é muito cedo para isso.
- Mas, foi você que veio com essa história idiota! "Eu te
amo". Foi você que disse isso primeiro!
- Eu?? Tá maluca? Não falo eu te amo nem pra minha mãe! Ia falar
logo pra você?
- Eu fui me despedir de você e você disse bem aqui na minha
orelha, "eu te amo". Eu ouvi!
- Eu disse "Tchaum", quer dizer, "Tchau",
entende? Estava só me despedindo também!
- Essa foi a coisa mais patética que eu já ouvi! Você é grosso,
insensível, beija mal e ainda tem um péssimo problema de dicção!
- Pelo menos eu não saio beijando todo mundo que me diz tchau!
- Você não disse "Tchau", disse "Tchaum"!
- E você entendeu "Te amo". Que recalque, hein, minha
filha?
Um estrondoso tapa ecoou dentro do carro. Luíza provavelmente
havia deslocado o pulso.
- Adeus, Otávio! - Rosnou enquanto descia do carro.
- Tchaum, Luíza... - disse, Otávio, meio atordoado.
- E vê se aprende a falar igual homem! - gritou Luíza enquanto
batia a porta da casa.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Rodrigo Amém e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
Os comentários postados abaixo são abertos ao público e não expressam a opinião do blog e de seus autores.
Mulher é assim mesmo.
ResponderExcluirHomem é mesmo assim.
Mandou bem!
Parabéns!
Carla Pinheiro
Obrigada Carla pelos seus comentários.
ResponderExcluirNossos autores agradecem pelo carinho.
Adoramos ter você aqui!
bjus