Por Danilo Marcks
Freud, o pai da psicanálise definiu
em um dos seus livros, que a melancolia é um estado
emocional semelhante ao processo de luto, mas não há a perda que o caracteriza.
Ela pode ocorrer sem haver uma causa definida. Já o grego Hipócrates, definiu a
melancolia como a “bílis negra”, um dos quatro humores corporais. Para ele, o
planeta Saturno exercia influência no humor do indivíduo e levava o baço a
expelir bílis negra, causando a melancolia.
Na Psiquiatria, a
melancolia é uma síndrome mental que se caracteriza pela sensação de
impotência, inutilidade, pensamentos negativos, dificuldade de concentração,
falta de apetite, ansiedade, insônia e outras tantas coisas mais. Já no Romantismo,
a melancolia era um estado emocional apreciado, pois representava uma
experiência que enriquecia a alma. Por isso, diversos artistas famosos da época romancista, foram e eram
definidos como melancólicos.
Temos que saber
diferenciar melancolia de tristeza ou do temor que é a depressão. Por muitos
anos, pensei que meu jeito triste e introvertido fosse fruto de uma depressão
profunda. Pois, felizmente, não é. Ah, e melancolia não é um sentimento de
nostalgia. Não! Não podemos confundir. Nostalgia é saudade dos momentos bons,
que sempre que possível devem ser lembrados e relembrados. Melancolia é quase
um estilo de vida. Uma beleza criadora.
É um jeito peculiar de ver o mundo e recriá-lo. Claro, que com as suas devidas
ressalvas, para não cair em algo patológico.
Melancolia nos faz, ao menos no meu caso , ver
a realidade de uma outra forma. Algumas mais realistas, outras mais cruéis,
outras mais românticas. Esta última, é o meu caso. Comparo melancolia com
romance. Com aquele que é romântico ao extremo.
Melancolia
tem um ar especial, tem olhos especiais, tem algo mais inexplicável. Os
artistas são muito melancólicos. Não são tristes. São sensíveis. Tristeza é um sentimento muito
comum. Todo ser humano passa por ela em algum momento de sua vida.
Artistas
são mais raros, menos rasos. A melancolia é feita daquela falta que nos faz. Ou
que nos traz. Da chuva que não vem ou vem, e cai. São olhos de chuva. Caio
Fernando Abreu, pra mim, a definiu perfeitamente: “Ela é a sensibilidade de alguém que não
entende o que veio fazer nessa vida, mas vive”. É exatamente isso! Já há quem abomine a melancolia: Seja feliz! Seja alegre! Pula! Grita! Ama! Se joga! Ou seria um “Se boicota...”
Não
levanto a bandeira do “Seja triste”,
mas tente ser e sentir aquilo que você é e está naquele exato momento. Neste
aqui agora. Sem forçar a nada. Dias tristes demais enjoam. Felizes demais,
sempre perdem a devida graça. Melancolia fica ali no meio termo. No morno. Nem
frio e nem quente. Às vezes uma filosofia de vida. Uma ideologia? Ou apenas um
dia qualquer. Apenas um dia melancólico pra poder viver.
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Danilo tenho me identificado demais com o que escreve.
ResponderExcluirVocê tem arrebentado!!!
Estou apaixonada pelos teus textos.
Mais e mais sucesso!!!
Carla P
Oi Carla P,
ResponderExcluirFico agradecido pelo elogio. Muito obrigado! Espero que siga se apaixonando pelos meus textos e dos nossos outros colegas.
Sucesso pra gente!
Um beijo!