Por Rec Haddock
O
corpo não cabia na mala. Não importa o quanto eu esquartejasse, sempre sobrava
uma parte. Tentara até me desfazer das partes menores, mas era impressionante o
tamanho que o intestino podia ter.
Desta
vez sobrara a cabeça.
Não
sei se era o cansaço. Não sei se era o desespero. Aquilo não devia acontecer.
-
Desse jeito você não vai a lugar nenhum.
A
boca se mexia.
-
Não quero ir a nenhum lugar, quero que você vá.
A
minha boca, não.
O
momento surreal, pelo menos para mim, passou despercebido. O fato da cabeça ter
se apiedado da minha figura e começado a dar sugestões de como eu poderia me
livrar daquela confusão não chamou a minha atenção como deveria.
-
Você tem que ter alguém que possa te ajudar. Não é possível.
-
Alguma loja tem que vender uma mala maior do que essa.
-
Tem que existir um liquidificador em algum lugar por aqui.
Eu
continuava tentando rearranjar o corpo na mala quando me dei conta de que a
cabeça deveria saber se tinha um liquidificador por ali. A casa era dela.
-
A casa não é minha. Eu estava aqui assaltando a casa. De repente, um cara
entrou e me arrebentou todo. Foi você?
E
as dores no meu corpo começaram a fazer sentido. A cabeça era minha, afinal.
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Viajei... A dinâmica, suspense, diálogo...
ResponderExcluirSe fosse um livro eu leria com prazer.
Parabéns!!
Mais e mais sucesso, inspiração e transpiração.