Por
Amanda Leal
Minha confissão é pequena e como todos
já sabem a minha história eu não irei me alongar muito. Meu nome é Joana. Há um
tempo atrás, eu fui condenada por arquitetar a morte de duas pessoas que me
eram muito ligadas, recebi ajuda do meu namorado na época. Achei que fôssemos
conseguir uma boa grana com tudo isso e,como tudo mundo já sabe, eu fiquei sem
nada.
Estou presa há uns quinze anos e desde
o dia em que isso aconteceu nunca mais vi ninguém da minha família. Sei que
eles têm seus motivos para não me procurar, na verdade eu não ligo muito se vou
revê-los ou não. Eu quero é falar do agora. Agora eu estou presa e agora
preciso muito me estabelecer aqui dentro. Nunca fui burra, desde que cheguei
aqui sempre soube o jogo que iria fazer e como ia me segurar aqui dentro.
Sobrevivi até então.
Faz pouco, conheci o amor da minha
vida. Também julgava ter encontrado esse amor há quinze anos atrás, mas a
distância e o tempo mudam a cabeça da gente. Só que na prisão eu tive que me
adaptar, príncipe aqui, na verdade, é princesa e ao invés dele vir montado num
cavalo branco, ela vem andando mesmo.
Quando olho para trás, eu vejo que tudo
que vivi valeu a pena. Se eu não tivesse vivido tudo que vivi, feito tudo que
fiz, talvez hoje eu jamais teria conhecido a minha princesa. Jamais viveria o amor de verdade.
Aqui no presídio é tudo diferente. É
que nem na novela, você cria uma vida, mas o real mesmo te espera lá fora. Pode
ser que eu nem saia daqui viva, mas pode ser que um dia eu esteja do outro lado
do muro, no mundo real. E lá a vida que eu quero pra mim é bem diferente dessa
daqui. A gente se adapta ao momento, mas dizer que gosta do que vive aqui é um
pouco forçado da minha parte, você não acha?
Você joga o jogo que precisa jogar, até
quando precisar jogar. Depois você muda, se arrepende, chora, fica calada.
Acusa os outros ou simplesmente alega insanidade. Tem gente que diz que a
cadeia cura, transforma e faz com que você se regenere. Na minha opinião, o que
eu comecei lá fora só se aperfeiçoou aqui dentro.
Se não há arrependimento verdadeiro não
há mudança, uma vez uma detenta me falou isso. Você só se arrepende quando
julga o que fez como errado. Na minha cabeça eu tô certa. Sempre estive. Tive
meus motivos para tudo o que fiz e ainda tenho motivos para o que faço. E
quanto mais as pessoas me julgam como fraca, é ai que eu fico mais forte.
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