Irritada com os comentários de uma,
agora, ex-amiga na rede social, se lançou a escrever ferozmente uma resposta.
Ignorou as mensagens do celular, não escutou o telefone tocar, e “não ouviu” a
campainha uma, duas, três vezes... Ela continuou a datilografar com fúria, e
suas falanges batucavam incessantemente o teclado como num pandeiro.
Na tela fria de seu monitor, uma
mistura chula de palavrões se misturavam com um linguajar culto, era como se um
peão de obra tentasse imitar a escrita de Machado de Assis para xingar alguém.
Parava para ler e reler. Apagava tudo e começava do zero. Adicionava mais
xingamentos, mais pernosticismos e sempre insatisfeita. Não estava afim de
diálogo, nem de saber quem estava certa. Queria humilhar e sair vencedora.
Queria ter a última palavra.
Ainda bufava de raiva quando finalmente chegou aonde queria. Um parágrafo
perfeito e que, sem dúvida, calaria a boca daquela “puta sem noção”. Suspirou cansada
e fez um cafuné em seu bichano que dormia numa cama cor de rosa em meio a
diversos bichinhos de pelúcia. E foi ali, que descobriu a serenidade que mil
desabafos e “vitórias” nos debates das redes sociais não a dariam. Apagou tudo
que tinha escrito naquela noite e conseguiu dormir com uma paz que seria
impossível há alguns minutos atrás.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Bernardo Sardinha e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
Os comentários postados abaixo são abertos ao público e não expressam a opinião do blog e de seus autores.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Bernardo Sardinha e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
Os comentários postados abaixo são abertos ao público e não expressam a opinião do blog e de seus autores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela gentileza! Aguardamos a sua volta.