Por Marcela de Holanda
— Tá triste?
—
To.
—
Por quê, meu amor?
—
Dinda, eu queria ser uma princesa.
—
Mas você é minha princesa.
—
Não desse tipo. Eu queria ser uma princesa de verdade. Que nem aquelas
das histórias. Morar num castelo enorme. Usar aqueles vestidos. Casar com um
príncipe.
— Pensa bem. Você não gosta de estar
sempre perto dos seus pais? Se morasse num castelo enorme vocês não iam ficar
tão perto. E se eles fossem o rei e a rainha não teriam tanto tempo pra você.
Teriam que cuidar de todo o reino.
— Tá. Mas os vestidos são tão bonitos!
—
É. São sim. Mas você não gosta de brincar na areia, de pique pega, de
jogar bola? Você acha que daria pra fazer tudo isso com aquelas roupas te
pinicando, prendendo sua respiração? Além do mais, não são brincadeiras
apropriadas para uma princesa. Você teria que se comportar o tempo todo.
—
É. Ia ser chato. Mas pelo menos eu ia casar com um príncipe e ser feliz
para sempre.
— Quantos príncipes de verdade
existem por aí? O seu pai ia ter que escolher um deles para casar com você.
Qual a chance dele escolher justamente um que vai te fazer feliz pra sempre? Já
é difícil encontrar alguém mesmo com todos os não príncipes como opção. Você
não gosta que escolham nada por você. Ia querer que escolhessem seu marido? Eu
não trocaria seu tio por príncipe nenhum do mundo. Porque é ele que eu amo.
—
Dinda, eu não quero mais ser princesa não.
—
Não?
—
Não. Melhor ser livre, né?
—
É.
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