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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Lendas Africanas

Por Bernardo Sardinha






Nessas andanças pela nossa Senhora de Copacabana, encontrei um ambulante vendendo esculturas de madeira de todo o tipo. Espalhadas pelo chão tinham: girafas, elefantes, antílopes, tigelas e algumas máscaras africanas. Quem me conhece sabe que sou maluco por máscaras, e ali em cima de um plástico azul tosco, vi uma que me interessou muito. O ambulante, um negro de cabelo grisalho, se aproximou simpático quando eu a peguei do chão. Conversamos sobre as máscaras e pelo sotaque deu para ver que ele não era local.

Antes de comprá-la, perguntei qual era a história e origem dela e ele me contou algo mais ou menos assim: "Após uma guerra, o povo Baoulé, liderado pela Rainha Pokou, foi obrigado a fugir de Gana. Durante a perigosa fuga, eles encontraram um rio intransponível por causa dos crocodilos. Desesperados, eles rezaram para o Deus do Rio, implorando para que ele os deixasse passar. Atendendo as preces o Deus apareceu, e disse que se a rainha queria passar com seu povo, ela teria que jogar no rio o seu bem mais valioso. Imediatamente Pokou, ordenou que jogassem todas as jóias da rainha no rio, porém nada aconteceu.

Com o exército inimigo se aproximando, a rainha percebeu que seu bem mais valioso era o seu filho e o empurrou no rio para ser devorado pelos crocodilos. Após o sacrifício, os répteis se enfileiraram lado a lado, fazendo uma ponte e assim permitiram que todo aquele povo passasse,chegando finalmente aonde é hoje a Costa do Marfim. 
Após a travessia do rio, Pokou estava tão devastada pela morte do filho, que somente conseguiu dizer “baouli” que significa: a criança está morta.” Daquele ponto em diante eles ficaram conhecidos como Baoulé e para lembrar Pokou e de seu sacrifício eles fazem máscaras em homenagem a ela.
Comprei a máscara e ganhei uma história. Saí no lucro.



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