Cada dia da nossa vida é de um jeito. Sem regras ou com regras.
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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Empregada

Por Bernardo Sardinha


Ele come feito um porco.

A comida cai de sua boca enquanto mastiga e sem tirar o olho do prato pede:

- Suco.

Hesito e em resposta a minha demora, sou fuzilada com o olhar, da mesma maneira que ele faz com os bandidos na delegacia.

Então… Pensou sobre o que conversamos? - o sirvo e fico apreensiva por sua reação.
Pensei. Esse negócio de empregada doméstica é muito caro. E você lembra daquele caso da Souza Lima, né? Não dá para confiar em qualquer um para colocar em casa.

O caso da Souza Lima… Sabia que ele iria mencionar este caso. Ele sempre o faz. A empregada que envenena os patrões para se vingar dos supostos abusos e roubá-los. Sempre a mesma desculpa para não ter uma empregada. Com o salário de inspetor não é possível .

Mas, esta casa é muito grande para eu ficar sozinha. Quando você disse que íamos morar em um apartamento de três quartos me prometeu que eu ia ter ajuda. Estou cansada de ter que arrumar a casa e cozinhar!

Ele continua a ruminar sobre o prato e fico esperando uma resposta que não vem.
Quer carne moída? - digo sem forças e o sirvo.

Os sons dele comendo me dá ânsia de vômito e vou para cozinha. Lá vislumbro uma pia imunda a me esperar.

Enquanto lavo os pratos escuto ele engasgar na sala. Os pratos caem no chão se espatifando e os talheres fazem também um estardalhaço. Ele ainda se estrebucha no chão, mas minha mente está no pratos sujos da pia e na empregada que vou contratar com sua pensão.

   


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