Por Bernardo Sardinha
Ele come feito um porco.
A comida cai de sua boca enquanto mastiga e sem tirar o olho do prato
pede:
- Suco.
Hesito e em resposta a minha demora, sou fuzilada com o olhar, da mesma
maneira que ele faz com os bandidos na delegacia.
Então… Pensou sobre o que conversamos?
- o sirvo e fico apreensiva por sua reação.
Pensei. Esse negócio de empregada
doméstica é muito caro. E você lembra daquele caso da Souza Lima, né? Não dá
para confiar em qualquer um para colocar em casa.
O caso da Souza Lima… Sabia que ele iria mencionar este caso. Ele sempre
o faz. A empregada que envenena os patrões para se vingar dos supostos abusos e
roubá-los. Sempre a mesma desculpa para não ter uma empregada. Com o salário de
inspetor não é possível .
Mas, esta casa é muito grande para eu
ficar sozinha. Quando você disse que íamos morar em um apartamento de três
quartos me prometeu que eu ia ter ajuda. Estou cansada de ter que arrumar a
casa e cozinhar!
Ele continua a ruminar sobre o prato e fico esperando uma resposta que
não vem.
Quer carne moída? - digo sem forças e o
sirvo.
Os sons dele comendo me dá ânsia de vômito e vou para cozinha. Lá
vislumbro uma pia imunda a me esperar.
Enquanto lavo os pratos escuto ele engasgar na sala. Os pratos caem no
chão se espatifando e os talheres fazem também um estardalhaço. Ele ainda se
estrebucha no chão, mas minha mente está no pratos sujos da pia e na empregada
que vou contratar com sua pensão.
Gostou do que leu? Esse texto é de autoria de Bernardo Sardinha e sua reprodução total ou parcial dependem de prévia autorização do autor. Entre em contato conosco para maiores informações.
Os comentários postados abaixo são abertos ao público e não expressam a opinião do blog e de seus autores.
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