Cada dia da nossa vida é de um jeito. Sem regras ou com regras.
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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Exercício anti - criativo 3

Por Rec Haddock


Cristina – Você não sabe o que aconteceu!

Martina – Sei sim.

Cristina – Como você soube?

Martina – Eu tava lá, Cris.

Cristina – E você não fez nada?

Martina – Fiz, ué. Pedi desculpas.

Cristina – Desculpas? Do que você está falando?

Martina – Hoje, no metrô. Eu estava sentada, e o metrô estava meio cheio. Daí entrou uma grávida no trem, e eu levantei e disse: “Pode sentar, madame." E ela começou a me xingar. Ela não estava grávida. Só era gorda, vê se pode?

Cristina – MARTINA! O meu namorado me traiu!

Martina – Com a gorda?

Cristina – Com a gorda? Pelo amor de Deus! Foca, Martina, foca!

Martina – Cadê?

Cristina – Cadê o que?

Martina – A foca!

Cristina grita – Sua inútil! O meu namorado me traiu e você fica aí falando de grávidas de araque e focas imaginárias! Eu preciso de uma amiga melhor do que você!

Martina – Mas você não tem. Eu sou a única.

Cristina – Você é mesmo? Você nunca me apóia, fica sempre falando das suas besteiras sem sentido. Mesmo quando é sério que nem agora. A gente lê todos aqueles livros. O Harry com a Ginna, o Ron com a Mione, A Catniss e o Peeta. E eu? Cadê o meu Percy Jackson? Cadê o meu Legolas? Isso não existe, Ma? É tudo ficção?

Martina – O amor?

Cristina – É. O amor também. Mas mais do que isso, sabe? A sinceridade, o companheirismo.

Martina – Mas como você espera ter essas coisas se não é sincera consigo mesma? Você sempre soube que ele não presta, e agora espera fidelidade?

Cristina – Espero. Eu espero porque eu acredito nas pessoas. Eu acredito em você, por exemplo.

Martina – É diferente, Cris. Eu existo mesmo.

Cristina – Que nem nos livros.

Martina – Que nem nos livros.

Cristina – Mas a vida não é um livro. O Pedro fez questão de jogar isso na minha cara com aquelazinha. O que eu tenho, no fim das contas, é medo de ficar sozinha. Sabe? De morrer sozinha.

Martina – Você não vai ficar sozinha. Eu vou estar sempre aqui.


Cristina – Você não serve. Você é imaginária. Eu vou sair pra procurar uma amiga de carne e osso.


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