Imediatamente
me lembrei de todas as dívidas que tinha com aquele homem. Tudo o que não soube
como pagar, quando pude. Agora tudo ficará ainda mais difícil.
Para
um cara tímido, era bom não precisar falar para ser compreendido. Para quem via
de longe, ele era um cara que falava muito, mas para mim, ele sempre foi um
ótimo ouvinte.
Quando
soube, a princípio, as lágrimas não vieram. Veio à descrença pela impossibilidade
daquela notícia aterradora. Um homem tão jovem em espírito. Jogando basquete
como um garoto. Um mal súbito em um coração que os poetas teimam em ignorar.
Não o coração metafórico. Mas, o músculo que bombeia, entope e descompassa.
Se
a vida fosse mais poesia e menos dor, a vida teria o nome dele. Mas, o destino
por vezes é daltônico, e não entende que o vazio que ele deixa em cor escurece
o mundo, e deixa a vida mais cinza.
É
incrível o quanto a ausência definitiva de alguém tão ausente no nosso cotidiano
pode ser tão arrasadora.
Depois
as lágrimas vieram. E depois vieram de novo. Sempre com um doce sabor de
carinho. Acho que elas não vão deixar de vir tão cedo, sempre que eu lembrar
dele. Mas não importa o quanto eu derrame lágrimas, nunca terei chorado o
bastante.
Um
luto escondido em mim.
A
vida que segue, porque tem que seguir.
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Assim é a vida.
ResponderExcluirPerfeito!
Profundo!
Parabéns!
Carla Pinheiro