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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Para cada arroubo de felicidade, a balança.

Por  Rec Haddock


Imediatamente me lembrei de todas as dívidas que tinha com aquele homem. Tudo o que não soube como pagar, quando pude. Agora tudo ficará ainda mais difícil.
Para um cara tímido, era bom não precisar falar para ser compreendido. Para quem via de longe, ele era um cara que falava muito, mas para mim, ele sempre foi um ótimo ouvinte.
Quando soube, a princípio, as lágrimas não vieram. Veio à descrença pela impossibilidade daquela notícia aterradora. Um homem tão jovem em espírito. Jogando basquete como um garoto. Um mal súbito em um coração que os poetas teimam em ignorar. Não o coração metafórico. Mas, o músculo que bombeia, entope e descompassa.
Se a vida fosse mais poesia e menos dor, a vida teria o nome dele. Mas, o destino por vezes é daltônico, e não entende que o vazio que ele deixa em cor escurece o mundo, e deixa a vida mais cinza.
É incrível o quanto a ausência definitiva de alguém tão ausente no nosso cotidiano pode ser tão arrasadora.
Depois as lágrimas vieram. E depois vieram de novo. Sempre com um doce sabor de carinho. Acho que elas não vão deixar de vir tão cedo, sempre que eu lembrar dele. Mas não importa o quanto eu derrame lágrimas, nunca terei chorado o bastante.
Um luto escondido em mim.

A vida que segue, porque tem que seguir.



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