Por Marcela de Holanda
E sem que percebesse, por
trás das máscaras já não havia mais rosto. Havia se dissolvido ao longo dos
anos por falta de uso. Eram tantas máscaras uma por cima da outra, uma para
cada ocasião. Usava qualquer uma com maestria, mas não as tirava nem para
dormir. Foi pega desprevenida quando todas caíram de uma vez ao encontrar com
ela, aquela mascarada de definitiva. A Morte. Olhou-se através dos olhos dela e
viu sendo refletida apenas uma moldura disforme. Tentou caminhar na direção da
Luz como tinha ouvido dizer que era o certo, mas não tinha coragem de chegar
seja onde fosse naquele estado. Vagou por aí a procura de outras máscaras, de
outros rostos, de si mesma. Nada encontrou além do nada que por toda parte
havia. Sem ser propriamente ninguém, ela não era capaz de chegar a lugar algum.
Paralisou. Incapaz de se mover começou um percurso diferente. Andou por todo
canto lá dentro juntando pequenos pedaços de quem tinha sido enquanto ainda
era. Chegou à conclusão de que teria que se reinventar. E quando começou,
nasceu para uma nova vida e fez tudo diferente.
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